Supresas da inclusão

.......Refletindo sobre as políticas de inclusão, estabelecidas como uma das diretrizes mais ressaltadas e estimuladas nas diferentes atividades desenvolvidas na organização e desenvolvimento da sociedade, hoje surge com naturalidade – ainda que tardia - as presenças de mulheres nas mais diversas atividades econômicas. Foram rompidas as barreiras que até há pouco provocavam reações de surpresa. Nessa etapa do movimento de renascimento da inclusão nos deparamos com os primeiros times de futebol feminino - reduto quase que imaculadamente masculino -, no comando de aviões de passageiros e nas forças armadas pelo mundo afora. Tudo começou a ser transformado há poucas dezenas de anos, mas ainda há espaço para surpreendentes constatações ao nos darmos conta de que 90 anos nos separam da permissão para que as mulheres pudessem exercer o direito ao voto. Acontecimento marcante do governo provisório de Getúlio Vargas, o Código Eleitoral, em 1932, deu início ao processo de inclusão plena nas decisões da sociedade, com o reconhecimento parcial do direito ao voto (limitadas às mulheres casadas e com o aval do marido!), depois em 1934 estendido em caráter facultativo a todas as mulheres e, somente em 1946 imposto como voto obrigatório, nas mesmas condições dos homens. Um lamentável e tardio rompimento do processo amplo de exclusão a que estavam sujeitas.

.......As transformações em curso impuseram, no final do século passado e no início deste, revisões de posturas a gerações de empresários e profissionais atuantes nos diferentes segmentos da economia, que então passaram a ver contingentes maiores de mulheres rompendo o até então padrão estreito do correlacionamento de compatibilidades “atividade e gênero”. Rapidamente se passou da surpresa ao expurgo das duas colunas mentais que intuitivamente grafavam um “X” nas escolhas de “sim” e “não” nas participações delas nas mais diferentes especialidades profissionais, nas atividades esportivas mais radicais, no campo das disputas políticas, para o escorreito entendimento de que as mulheres estavam, agora, inclusas em tudo o que a sociedade promovia.

.......As atividades de mineração estiveram durante muito tempo dentre aquelas inseridas no rol das incompatibilidades vinculadas ao gênero. Na área da Engenharia de Minas, por exemplo, uma publicação da Escola Politécnica da USP mostra que a primeira graduação de uma mulher em seu curso da modalidade - criado em 1943 - se deu apenas em 1974. Até 1984 quatro outras mulheres haviam concluído o curso e ingressaram no mercado de trabalho. Hoje, segundo dados levantados, as mulheres representam de 8% a 17% da força de trabalho na mineração, com o Brasil na ponta positiva do espectro, tendo atingida a participação feminina, em 2024, 23%, totalizando 30.744 mulheres em empresas de mineração. Um notável avanço. O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) estabeleceu às suas associadas metas ambiciosas para ampliar ainda mais a participação feminina no setor, estimando que venham a representar até 35% da força de trabalho na mineração brasileira até 2030.

.......No setor de agregados não temos números disponíveis, mas mulheres são vistas além daquelas que estão nas condições de empresárias, liderando gestões de empresas. Empresas do setor de agregados têm presenças marcantes de mulheres e, ainda que pontualmente, no segmento de pedra britada nossas operações unitárias de lavra já estiveram ou estão sob suas direções. Também as vemos dirigindo caminhões pesados, projetando e executando operações de desmonte de rochas e comandando equipes. Ainda que num processo tímido e não planejado, é possível constatar um progresso significativo na inclusão das mulheres na mineração de agregados, rompendo a timidez e um certo receio histórico cultivado de que se tratava de um universo masculino e de tarefas que a elas não se ajustavam. Mudanças culturais, tecnologias aplicadas que facilitam as tarefas desenvolvidas e a capacitação profissional estão permitindo avanços positivos, promovendo a diversidade e a inclusão também no setor de agregados.